Financiamento Coletivo: o que é?

Financiamento Coletivo: o que é?

Pensa na seguinte situação: um amigo seu do trabalho está fazendo aniversário. Vão organizar aquela festinha, com um bolinho, e é preciso escolher um presente. Cada um compra um ou dividem o custo de um presente maior? A segunda opção é a que mais brilha, não é? A famosa vaquinha. Inspirado nessa estratégia, surgiu o financiamento coletivo.

A iniciativa veio para tornar possível a realização de projetos incríveis perdidos em gavetas, memórias ou pastas no computador e jogá-los no mundo, dar-lhes vida. Também conhecido pelo seu termo em inglês, crowdfunding, o financiamento coletivo funciona basicamente assim:

  1. Um projeto / produto  / serviço é idealizado e pré-desenvolvido por pessoas ou instituições;
  2. Ele(s) é lançado online em uma plataforma ou site que possibilite a colaboração;
  3. Visitantes apoiam o projeto com uma determinada quantia;
  4. Quando o valor necessário é alcançado, o projeto começa a sair do papel.

Nem sempre um projeto precisa de muitas colaborações ou valores de alto custo para cada apoiador. Cada ideia é única e graças a isso sua elaboração também é singular. Nomes bem conhecidos da área aqui no Brasil, como o Catarse e o Queremos, abrigam desde projetos pequenos até grandes iniciativas de empresas que veem no financiamento coletivo uma forma inovadora de atingir o seu público.

Dessa forma, o crowdfunding abre espaço para ideias maravilhosas que só não ganharam uma chance por falta de recursos ou recusas de patrocínios. O ganho é de todos. O empreendedor ou autor finalmente realiza um objetivo (ou até mesmo um sonho!); enquanto o colaborador explora um novo caminho de forma quase que exclusiva. Afinal, quem não apoiou pode ter perdido a vez.

Esse esquema acaba criando uma comunidade. Se a campanha alcança o objetivo, o autor, apoiadores e profissionais que trabalharam no projeto se juntam em uma comum-unidade onde todos ganham transformando sonhos em realidade.

Na Liber, o processo não é muito diferente! A nossa especialidade e foco estão, no entanto, no mercado editorial. Somos uma comunidade muito antes do financiamento coletivo. Ele nos apresenta a você, leitor, é a nossa porta de entrada e aumenta o potencial e a união entre a  gente. Veja como funciona o nosso processo:

Financiamento Coletivo na Liber Editora

Dessa forma, o apoiador tem a oportunidade de ser o responsável por fazer o projeto acontecer e contribuir ativamente com o mercado editorial brasileiro. Esperamos que a experiência desperte o seu interesse em acompanhar outros projetos e continuar contribuindo, seja apoiando novos projetos, seja ingressando na comunidade, ou até mesmo sugerindo e nos ajudando a fortalecer a literatura nacional.  É esse sentimento de união e cooperação que a Liber sonha e espera criar.

Nós queremos ser um espaço onde os livros saiam do plano imaterial e chegue nas mãos dos leitores através de um processo editorial de qualidade. Assim, tanto autor e leitor, idealizador e colaborador, podem ver e sentir que somos mais do que uma editora, mais que uma loja e sim, um lugar para pertencer.

Como fazer um livro fracassar: nem sempre o fracasso é algo ruim

Como fazer um livro fracassar: nem sempre o fracasso é algo ruim

Na quinta-feira (08), a Liber Editora marcou presença na Livraria da Travessa do Shopping Leblon para colaborar com um evento peculiar: Como fazer um livro… Fracassar. O bate-papo, organizado pela Editora Raíz com o apoio da gente, do Vai Lendo, do Nespe e de outras instituições, deu voz àqueles projetos que morreram na praia ou nem mesmo chegaram a tanto, mas que marcaram seus autores.

Leandro Müller, Rosane Pessanha e Ronaldo Wrobel

Mediado por Leandro Müller (NESPE) e Ronaldo Wrobel, escritor, o auditório lotado e transbordante parou numa noite chuvosa para ouvir como o fracasso é necessário. Juliana d’Arêde, criadora e gestora do site Vai Lendo, inaugurou os relatos explicando a dificuldade que presenciou com o desenvolvimento do seu projeto de incentivo a divulgação de autores independentes. Visto que a grande divulgação de livros hoje em dia se concentra em autores estrangeiros, a iniciativa parecia algo otimista e necessária. Até que funcionou… Mas não como ela gostaria. Os autores não se engajaram da forma que era esperada e o projeto estacionou.

Ronaldo Wrobel contribuiu para a noite com uma estranha viagem ao Quênia. Um de seus livros nasceu por causa de uma ideia que envolvia o Quênia. O autor, portanto, pesquisou tudo e qualquer material sobre o país africano com afinco, dedicando horas de trabalho e atenção até que, como ele brincou, seus personagens se sentaram com ele para dizer que eles não queriam o Quênia. Tudo funcionava perfeitamente – quem sabe até melhor? – sem o país. E o que fazer com as horas perdidas?

O convidado de honra da noite – a parte dos autores que estavam lá para lançar a Coleção Ruído da editora, claro -, Tavinho Paes, dividiu a história de sucesso, mas de retribuição fracassada, de uma composição muito conhecida do público, “Totalmente Demais”, que fez junto a alguns colegas e teve todo freio possível para deslanchar. De censura pela ditadura à desistência de um programa com a música como tema, “Totalmente Demais” é um fracasso e um sucesso: a retribuição financeira da música é mais confusa que achar agulha em palheiro e ainda assim, graças a Caetano Veloso, muita gente nesse mundo conhece os seus versos.

Tavinho Paes – convidado de honra do evento

“Como fazer um livro… Fracassar” foi uma introdução perfeita ao lançamento da Coleção Ruído. Muitos autores participaram da discussão animados, dividindo e exaltando a literatura nacional. Dos três casos citados dentre muitos outros que enriqueceram a noite, fica fácil ver que o fracasso nem sempre é o pior resultado. No mínimo eles nos dão lições preciosas, no máximo oportunidades para um novo caminho. A Juliana conheceu obras novas que talvez não conheceria sem o projeto; o Ronaldo terminou com um livro fechado e com muito conhecimento sobre uma nova cultura; e o Tavinho fez uma obra que tocou milhares de pessoas.

Fracassar não é fraqueza. É, na verdade, uma das coisas inevitáveis da vida e, com toda certeza, não define quem você é. Compartilhar fracassos alivia a alma e abre os horizontes. O evento foi inspirador e se mostrou o motor perfeito para um lançamento mais leve da primeira tentativa da Editora Raíz de lançar uma coleção. Ao que tudo indica, o fracasso no entanto passou longe da noite e nos deixou com uma lista de pessoas interessantes, livros bons e sucesso nas mãos.

Autoras: Marcela Sperandio, Andréa Gaspar, Andréa Apa, Elaine Castanheira, Nanda Silveira, Gabriella Ardore – Foto: Ilan Vale

* O evento “Como fazer um livro… Fracassar” foi uma parceria da Editora Raíz com a Liber Editora, o Nespe, o Vai Lendo, a Editora Jaguatirica, a Hora da Leitura, a FLAM, da Voz à Vossa e do Conversas na Estante.